Começámos com os deliciosos gelados da Satini do Chiado (laranja e cenoura para a Carolina, chocolate e brigadeiro para mim - porque apenas um tipo de chocolate é para fracos)...
... e depois fomos ver a Sé.
Entretanto, perdemo-nos e, ao fim de muitas voltas, um Google Maps do smartphone e uma paragem para perguntar o caminho, conseguimos dar com as traseiras da fundação (não antes de já lá termos estado, mas sem nos apercebermos do que se tratava)! *Atentem na minha cara de rainha de beleza.*
Afinal, a Casa dos Bicos fica a poucos metros da estação de metro do Terreiro do Paço, quase à beira-rio.
Esta era uma saída já prometida desde há umas semanas atrás. Tanto eu como a Carolina somos leitoras ávidas e sempre à procura de mais bagagem literária e cultural, pelo que não poderíamos descansar enquanto não visitássemos a Fundação José Saramago - eu, por gostar muito da obra do senhor e do que ela representa na literatura portuguesa (e, porque não?, mundial), e ela, pela curiosidade e por querer obter algum incentivo para se aventurar por páginas saramaguianas.
A exposição preenche apenas o primeiro andar, mas chega bem pelo conteúdo. Mal lá entrei, pensei de imediato "pronto, lá vou eu ter que voltar para ver tudo outra vez". E com todo o gosto! Há demasiado para ler, para prestar atenção, esmiuçalhazinhas que não o são, porque fazem parte do percurso pessoal e profissional do Saramago, e que a mim muito me agradam enquanto sua admiradora. Portanto, são imperdíveis. São as centenas de capas das várias edições, nacionais e esrangeiras, dos diversos livros, são os cadernos e caderninhos de apontamentos, as agendas, as distinções, as fotografias, os manuscritos ainda batidos à máquina ou já digitados a computador, todos eles com anotações feitas à mão, o material de investigação para cada história, a correspondência e os e-mails com amigos e colegas, a recriação do seu escritório - são as provas de que esta pessoa, José Saramago, viveu neste mundo, escreveu o que escreveu e merece ter alcançado a glória almejada por qualquer profissional ou artista; são pessoas como ele que inspiram outras e que são capazes de mover "vontades" alheias (sei lá, como a minha!). Apesar de a exposição estar orientada para quem conheça minimamente os seus livros, qualquer um com o mínimo de interesse acerca do assunto há-de conseguir disfrutar igualmente da visita.
Dito isto, tenho meeeeeeeeeesmo que lá voltar sozinha para me poder perder sem arrastar ninguém na onda, digamos assim. No final, só fiquei um bocado revoltada por as edições estrangeiras dos livros do Saramago serem vendidas a um preço bem mais acessível (chegava a ser apenas metade!) do que as edições portuguesas. Compreendo que, tratando-se de maiores tiragens, essa edições ficam mais rentáveis, mas... até na própria Fundação Saramago, no centro de Lisboa???! Porquê? Os portugueses são assim tão ricos que possam gastar vinte e tal euros de uma assentada para poderem ter acesso à sua cultura?
Mas não nos alarguemos mais em devaneios reservados para outras ocasiões.
O que interessa é que os 2€ do bilhete de estudante valem totalmente a pena, ainda se dá um passeio engraçado antes e/ou depois da visita e assim se passa uma tarde engraçada e cheia de sol, em boa companhia (falo por mim, escolham bem a vossa!). Recomendável para quem não quer gastar muito dinheiro sem deixar de se divertir e de (re)conhecer Lisboa. Não se esqueçam de levar uma garrafa de água o mais fresca possível e um lanche leve mas nutritivo (preferencialmente, numa mochila) e pronto, ei-vos preparados!
Muito obrigada e bem-vinda! De facto, os gelados da Santini são divinais. Também vi uma outra gelataria lá perto que não deixa de ter bom aspecto... Tenho de tentar! :D