Bênção das Fitas da Universidade de Lisboa - um teste à fé dos mais crentes
A Bênção das Fitas/dos Finalistas de algumas universidades de Lisboa (como a minha), que teve lugar no passado dia 21 de Maio, foi uma fantochada. Não me arrependo de ter lá estado, não deixou de ser uma cerimónia bonita e bem organizada e acho que o seu significado pode ser entendido por qualquer pessoa, independentemente das suas crenças religiosas, mesmo que a missa seja de cariz católico. Pessoalmente, não me considero a pessoa mais crente e praticante à face da Terra, mas pelo menos dou o devido valor ao evento.
O problema da Bênção das Fitas foi mesmo quem quis fazer parte dela sem o merecer.
Já nem falando de algumas das famílias e amigos que foram assistir à Bênção e que se comportaram, como já não é novidade, à moda dos babuínos, há que destacar desta vez os próprios dos finalistas. Horda de trajados, copos de cerveja na mão desde as oito e meia da manhã, a mexerem no telemóvel com a outra durante toda a missa, a falarem por cima do cardeal e dos alunos e professores oradores, demonstraram que o facto de se estar à beira de ganhar um diploma de licenciado não torna necessariamente um indivíduo civilizado (antes pelo contrário). Sem dúvida, as minhas partes favoritas foram aquela em que os finalistas da minha faculdade estavam a subir a alameda da Cidade Universitária, em direcção à reitoria e ao altar onde se celebraria a missa, enquanto cantavam músicas prenhas de palavrões de cariz sexual e ofensivo, perante os sorrisos e orgulho dos papás e mamãs, mais aquela em que o padre que dirigiu a missa pediu que se fizesse silêncio e se levantassem as pastas para o céu, para que Deus as abençoasse, e os inergúmenos dos meus colegas abriram as goelas para gritar uns vivas satânicos. Gostei!
Ah, mas ai de mim, se me esquecesse de vos contar que, quando fui cumprimentar uma colega (com quem até me dou bem), no momento da "Paz de Cristo" (quando se troca o gesto da Paz) e ela me lançou um "fogo, e é agora que isto acaba?".
Grandes crentes! Hipócritas sujos, com falta de competência social! Deus me perdoe mas, se Ele existir, devia ter-lhes enviado uns trovõezitos que lhes esturricassem a ponta das fitas!
Em suma, para quê escolher participar num ritual no qual não se acredita e, mais grave ainda, que não se entende ou respeita? Pelo menos, deveriam ter tido três dedos de testa, empatia e sensibilidade para perceber que havia quem estivesse lá de corpo e alma para aproveitar a cerimónia e que preferia não ouvir cânticos da praxe, nem que lhe pedissem a meio da Eucaristia para tirar fotografias, nem que lhe tirassem visibilidade para o altar ao empoleirarem-se nos separadores, género gorilas.
Termino esta publicação pedindo perdão a todas as entidades divinas por, de vez em quando, o meu coração e a minha boca se encherem de palavras odiosas contra o próximo e por frequentemente dar por mim a perder a minha fé na humanidade. É difícil não sucumbir à fraqueza do descrédito e da maledicência, mesmo quando justificados.
Oremos pela espécie humana!!!